quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Renascimento

Se há termo que melhor pode descrever o que significou este ano para mim, é esta palavra que escolhi para intitular o meu último texto de 2009.

Neste ano que hoje termina não nasci de novo, mas ressurgi, voltei a aparecer. Abandonei a escuridão da caverna onde me enclausurei nos últimos meses do ano passado e voltei a ver luz.

Percebi que, por mais que nos escondamos, que nos fechemos sobre nós próprios, o mundo continua a girar. Compreendi que para ultrapassarmos certos desgostos precisamos de adquirir novos gostos. Entendi que é mais fácil viver a rir do que sobreviver a chorar...

Não sou ingénua e não penso que hoje sou toda felicidade. Que mentira diria se o verbalizasse! Há ainda tristezas e mágoas por sanar, cicatrizes que ainda se percebem a olho nu, mas há também apaziguamento, aceitação e conformismo que são tão ou mais necessários que tudo o resto que precisamos para viver. Há calma...

As pessoas morrem e o sentimento não tem, mais, não deve morrer com elas. Fica a saudade e nasce a receptividade para que outras, ainda que não ocupando, preencham o seu lugar.

Este foi também o ano do abandono de alguns complexos que desde sempre me acompanhavam. Foi o ano das atracções, do despertar dos sentidos, da líbido e de alguma ousadia. Foi o ano da mudança de casa e de vida! O ano em que voltei a viajar e a travar contacto com outras realidades e foi tempo também para o nascimento de mais um elemento da família!

Hoje sei que não vou passar a passagem-de-ano sozinha no quarto em frente a um computador como se de um dia normal se tratasse porque mais logo estarei com algumas das pessoas da minha vida e em festa!
Que seja um excelente 2010 para todos nós!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Abraço

Passei nas mesmas estradas por que passo todos os dias em que vou trabalhar, mas por alguma razão hoje algo nesse caminho trouxe-me à memória o teu abraço. E bateu-me uma saudade... saudades de sentir o teu peito no meu e de sentir um conforto que desde então mais ninguém me proporcionou...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Perenidade

Foi há precisamente um ano que verbalizei aqui o início do meu luto. Lembro-me do sofrimento e da angústia que senti não só nessa madrugada, mas também em tantas outras que se lhe seguiram.
Hoje já não estou angustiada e já não sofro como sofri. Estou resignada. Aprendi a viver com a ausência e com a adversidade. Vivi novas experiências e relacionei-me com outras pessoas mas, uma vez de luto, para sempre enlutada... porque há perdas que não são recuperáveis...

sábado, 31 de outubro de 2009

Cheiro

Não foi num livro, mas ele ficou... na minha memória...

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Prá mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva...

Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz...

Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas...

Vambora, Adriana Calcanhoto, 1998



Estado de alma

Já anoiteceu mas não fui capaz de fechar a janela... A calma dos carros que passam mistura-se com a luz da Lua numa dança silenciosa de cor e de brilho. Chamam por mim, mas é um chamamento mudo, que de tão profundo me desperta os sentidos.

"À noite, à noite, à noite, ela olha para o tecto e põe-se a pensar
À noite, à noite, à noite, ela põe-se a recordar
À noite, à noite, à noite, ela põe-se a sonhar, a sonhar
À noite, à noite, à noite, à noite..."

Penso e sonho e sonho e penso. É um estranho bailado este, que me faz sentir bem e ao mesmo tempo mal. Estou bem mas não feliz... penso-o e digo-o e digo-o e penso-o...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dreams...

Esta é para todos os que, como eu, sonham tanto a dormir como acordados ;)


Dreams, I have dreams when I'm awake when I'm asleep
And you, you are in my Dreams
You're underneath my skin, how am I so weak

And now in my dreams,

I can feel the wait, I can just come clean
I keep it to myself, I know what it means
I can't have you, but I have dreams

How long, can you hold your breath?
Can you count to ten, can you let it pass?
To keep, can you keep it in?
Keep it behind lashes, can you make it last?

And now in my dreams, I can feel the way
I can just come clean

I keep it to myself, I know what it means
I can't have you, but I have dreams
Oh, I have dreams, I have dreams

Mind, can you read my mind?
Has it come undone, am I showin' signs?

And now, in my dreams
I can feel the wait, I can just come clean
I keep it to myself, I know what it means
I can't have you, but I have dreams
I have dreams, I have, I have, I have Dreams

Dreams, Brandie Carlile, 2008





sexta-feira, 2 de outubro de 2009

No More the Fool

Just why I stayed around
When all I found was a heartache
I believed your every word
Didn't know the hurt and pain that you'd make

But why did it take so long
Alas, now I've seen the light
I found the heart to say


No more the fool
Who waits around
Waitin' for you to bring me down
Those days are gone now

No more the nights
Layin' awake
Cryin' and waitin' for the day to break


No more the sound as my dreams fall and hit the ground
While I'm waitin' around
No more the fool


You thought I'd break
Then you were wrong
That I wouldn't see what's goin' on
But I knew

Here I am
I'm alive
And you'll see I'll survive
Without you


And I won't be the one who comes runnin'
It ain't like it used to be
It's your turn to run to me


No more the fool ...
All the nights I waited for you to call
I waited for a sign that you would stay
But it's so clear
You didn't care at all

No more the fool


No more the fool
Who waits around
No more the fool
No more the clown
No more the fool

No more the sight
No more the sound
And hit the ground
No more the fool

No more the fool ...
No more the fool
No more the sight
No more the sound
No more the fool


No More the Fool, Elkie Brooks, 1986




terça-feira, 7 de julho de 2009

Onde está a Carla?

Sinto-me...

... tão leve...
Não sei se é do calor que parece ter chegado finalmente para ficar, se das amizades e dos convívios que continuam a ser muitos (com a novidade de alguns se passarem na minha casa!) ou se do peso que deixei de carregar no meu peito, mas a verdade é que me sinto bem, cheia de energia e de boa-disposição! Só espero que esteja para durar!!!!!


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Parabéns...

... a mim, que faz exactamente neste minuto 29 anos que nasci!
Lembro-me de quando era miúda pensar que ainda faltava muito tempo até que casaria os anos. Seria uma mulher nessa altura! Seria crescida e teria já muitas experiências para contar... Pois é, o tempo não perdoa e afinal passou mais depressa do que nessa altura era capaz de imaginar!
Sinto-me muito bem hoje. Sinto-me leve e muito tranquila. Acho que é o culminar de uma boa semana, um período que serviu para encerrar definitivamente um ciclo.
A acreditar na astrologia, outro ciclo se inicia hoje e como o último ano solar foi talvez o mais tortuoso que vivi até hoje, só posso acreditar que o próximo, o 30.º ano de vida, seja maravilhoso!!!
Até a chuva, que há muitos anos não aparecia neste dia, não me parece triste. Parece antes trazer-me um sinal de fertilidade, de vida e de esperança!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Engano

Olho para o que escrevi nos últimos tempos e não consigo perceber se me tenho enganado ou se tudo isto não é mais do que a prova de que não existe isso a que se chama equilíbrio. Afinal, o que é verdade hoje não o é necessariamente amanhã...
Os sentimentos são voláteis, disso não restam dúvidas, pelo menos para mim que voltei a ser assolada por pesadelos...
Se não me dás descanso de dia, dá-mo ao menos à noite...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Junho

Gosto deste mês que iniciou porque:
- é em Junho que começa o Verão e se inicia a época balnear;
- não sendo por tradição um mês muito quente, tem dias e noites com temperaturas bem agradáveis;
- representa equilírio. Quando chegamos a Junho, sabemos que metade do ano já passou e que faltam passar outros tantos meses até que chegue ao final;
- FAÇO ANOS!!!!!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Cicatrizes

Já passou um mês desde que fui operada e a recuperação é quase completa. Só as cicatrizes me lembram desse episódio. Terá de passar muito tempo até que a sua localização mal se distinga.
Também as cicatrizes que carregamos na alma demoram a deixar de se ver. Nunca desaparecem, é certo, mas o tom carregado que assumem nos primeiros tempos de cicatrização vai lentamente desaparecendo e dando lugar ao tom neutro que dificilmente, ou só com muita atenção, nos permitirá lembrar-nos que um dia estiveram lá.
As minhas estão mais disfarçadas, mas ainda se notam bem. Não há um dia que passe sem que lhes lance um olhar e me lembre das feridas que lhes deram origem. Mas também não há um dia que chegue ao fim sem que pense que elas são o resultado de uma ferida que fechou... e que, por isso, já não dói como dantes. Talvez ainda doa, mas é já uma dor controlada...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Crianças

Hoje é Dia Mundial da Criança.
Todos nós temos em comum o de termos sido um dia crianças, mas será que todos podem afirmar que o continuam a ser? Oxalá pudesse ser assim. Acredito que o mundo seria um lugar bem mais fraterno do que aquele que é na realidade...
Este dia dedico-o às minhas duas sobrinhas que vieram ao mundo para tornar mais feliz a vida de todos os que delas gostam, como eu!

domingo, 31 de maio de 2009

Fado

Quando era miúda não gostava de ouvir fado. Achava que era música de e para velhos ou, pelo menos, para pessoas bem mais velhas do que eu, como os meus pais, por exemplo.
Não podia estar mais enganada. O fado é de e para todos os que sentem isto que é ser português, seja lá isso o que for... é por excelência o género musical da nostalgia, da saudade do que passou e do que ainda está para vir, mas é também alegria; é convívio e tertúlia... é sentir um arrepio no corpo que de tão forte nos arranca lágrimas mistas de tristeza e de alegria.
Vem isto a propósito do projecto Amália Hoje, dos Hoje. Eu gosto de Amália como de tantos outros fadistas do antes e do agora. Há fados que cantados pela sua inigualável voz despertam em mim um chorrilho de sensações, mas a Gaivota, devo confessar, toca-me mais nesta nova versão cantada pela Sónia Tavares:


sexta-feira, 22 de maio de 2009

TU

Vivo um momento de realizações pessoais, de conquistas tantas vezes imaginadas e desejadas. Sinto-me bem, mas a felicidade ainda não mora no meu peito. Faltas-me tu... ainda e sempre tu...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Lição de Vôo

Foi tão fácil
Deixar-me perder
Sem sinais
No teu céu
Pois eu já não encontro
O caminho

Eu não sei mais
Como hei-de voar
Esquecer
Livrar o pensar
Se és tão frágil
Neste mundo

Continuo a deixar-me perder
Sem sinais
No teu céu
Pois eu já não encontro
O caminho


Eu não sei mais
Como hei-de voar
Esquecer
Livrar o pensar
Se és tão frágil
Neste mundo

Lição de Vôo, Cazino, 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

I Dreamed a Dream ou a queda dos esterótipos

Acho que é a primeira vez desde que criei o meu blogue que escrevo de dia. Não só porque gosto mais de fazê-lo à noite, a altura do dia em que me sinto mais livre e inspirada, mas também porque de dia não me sobra muito tempo para fazê-lo.
Mas agora estou em casa, em repouso e sem muito para fazer que não seja dormir, ver tv, ler, navegar na internet e, claro está, escrever. Enquanto navegava pela net dei por mim a ler as últimas actualizações sobre a vida de Susan Boyle, uma escocesa de 47 anos que fez furor no mês passado ao participar no concurso britânico de talentos musicais Britain's got Talent.
Já tinha ouvido falar dela, mas não tinha visto o vídeo da sua apresentação a concurso. Pelo que li hoje, este é já o 5.º vídeo mais visto de sempre na Internet. Ao que parece, um caso sério de popularidade.
Não sendo propriamente comuns, grandes vozes não são também assim tão raras. Frequentemente estes concursos arrancam do anonimato verdadeiros talentos, pessoas detentoras de vozes bonitas e invulgares e que simplesmente não tinham tido anteriormente a possibilidade de se mostrarem.
Então, o que é que Susan tem de tão diferente que tenha gerado tamanha curiosidade à sua volta? É muito simples. É que para além da capacidade vocal, ela já não é muito nova e, acima de tudo, não é bonita, é solteira e é virgem. Na verdade a senhora revelou nunca ter beijado um homem.
Ora, curiosas como são as pessoas, sempre à procura do sórdido ou do insólito, não é difícil perceber que o que tem levado as pessoas a procurar informação sobre Susan ou mesmo a ver o vídeo dela é satisfazerem a curiosidade que têm sobre alguém que lhes parece extremamente invulgar, senão mesmo anormal para os padrões actuais de vida.
Não são muitos os casos de pessoas talentosas que não sejam bonitas. Pelo menos aquelas que têm maior destaque. Quando pensamos em novos talentos, pensamos em jovens. São eles que têm mais probabilidade de singrar no mundo concorrencial do espectáculo. E dificilmente pensamos que haja pessoas que, como a Susan, nunca tenham tido a mais natural das experiências, que é dar um beijo.
A normalidade encerra em si diferentes perspectivas. Algo normal só o é para quem o entende como tal. O que para mim é normal, para o meu vizinho pode ser considerado a mais absurda das realidades.
Apesar da predominância de certos estereótipos, há pessoas que inevitavelmente lhes fogem. Umas por opção, outras pelas condicionantes da sua própria vida e do mundo que as rodeia. Não me parece é que alguém deva ser gozado por isso, como começa a acontecer com esta mulher sobre quem já circulam anedotas sobre o facto de nunca ter sido beijada por ninguém. Mais, já existem propostas para a realização de um filme pornográfico que registaria a sua iniciação sexual...
Mas Susan tem um sonho, um desejo igual ao de tantas outras pessoas, que é o de ser cantora. Talento não lhe falta. Veremos se só isso importa.
Fica o endereço do tão falado vídeo, já que neste momento está vedada a possibilidade de incorporação. É de facto uma actuação comovente:

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ciclos

Houve uma altura em que desejei que o tempo passasse. Não. Que passasse não, que se esfumasse, que desaparecesse como o fumo, sem deixar rasto.

Maio era a minha meta, a luz que me guiava para fora do túnel estreito e negro que atravessei naqueles meses em que desejei não ter memória. Marcaria para mim o fim de um ciclo, tivesse esse ciclo a origem que tivesse...

Mas a vida dá voltas e voltas... traz avanços e recuos, alegrias e frustrações... Há planos que teimam em não se concretizar e outros há que inesperadamente emergem para o ciclo encerrar...

Não foi o fim que tanto almejei, mas não deixa de ser um fim. Em Maio renasci, sou uma nova mulher. Acho que nunca mais me vou encolher quando alguém me procurar e a mão, essa tocará em todos os rostos que com ela quiserem ser tocados...

Nunca uma operação deixou alguém tão feliz...

Quando A Chuva Passar

Pra que falar?
Se você não quer me ouvir
Fugir agora não resolve nada...

Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade
Um dia vai acabar...

Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos...

A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história não
Termina agora
Pois essa tempestade
Um dia vai acabar...

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela
E veja: Eu sou o Sol...
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão...

Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos...

A gente só queria amar e amar
E hoje eu tenho certeza
A nossa história
Não termina agora
Pois essa tempestade
Um dia vai acabar...

Oh! Oh! Oh! Oh!
Hey! Hey!
Oh! Oh! Oh! Oh!...

Quando a Chuva Passar, Ivete Sangalo, 2005



sexta-feira, 24 de abril de 2009

Use Somebody


I've been roaming around always lookin down at all I see.
Painted faces fill the places I can't reach.
You know that I could use somebody
You know that I could use somebody
Someone like you
And all you know and how you speak
Countless lovers undercover of the street
You know that I could use somebody
You know that I could use somebody
Someone like you
Off in the night while you live it up I'm off to sleep
Waging wars to shake the poet and the beat
I hope it's gonna make you notice
I hope it's gonna make you notice
Someone like me
Someone like me
Someone like me
Somebody
(Go and let it out)
Someone like you
Somebody

Someone like you
Somebody
Someone like you
Somebody
I've been roaming around always lookin down at all I see

Use Somebody, Kings of Leon, 2008

terça-feira, 21 de abril de 2009

Viagens na Minha Terra

Lembro-me de ler o livro que Almeida Garrett escreveu com este título. Era leitura obrigatória na escola há uns anos atrás e espero que ainda o seja.
Ir para fora cá dentro no século XIX era algo a que poucos se poderiam dar ao luxo e por isso era tão marcante e digna de registo qualquer viagem de mais de meia centena de quilómetros que as pessoas faziam. O comboio mal tinha começado a arrancar no nosso país e percorrer determinadas distâncias podia demorar um dia ou mais.
Mas não é preciso recuar cem anos para perceber o quanto se encurtaram distâncias em Portugal. Lembro-me de há uns anos atrás demorar meio dia para ir de casa até à terra dos meus pais, no norte do país. E recordo-me o quanto essa viagem mexia comigo. Parecia que ia para um lugar bem mais distante do que ia na realidade.
Hoje é tão fácil e tão rápido ir para qualquer canto deste cantinho à beira-mar plantado... A prova é que escrevo estas palavras de um quarto de hotel em Braga, quando ainda ontem estava em Serpa, em pleno Baixo Alentejo...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Metamorfose

Já não sou a mesma. Não sei desde quando, se calhar desde sempre...
Vivemos em constante metamorfose. Na verdade, moldamo-nos desde o primeiro dia em que viemos ao mundo. É uma mudança física, mas sobretudo psíquica.
Hoje faço o que pensava não ser capaz de desejar fazer. Vivo de acordo com novos preceitos, de acordo com outras filosofias de vida...
É tudo tão diferente agora. E nem preciso recuar muito tempo para percebê-lo. Encaro a vida sob uma nova perspectiva. Não sei se melhor, se pior... Sei apenas que é diferente. É talvez mais despreocupada, mais desprendida, quiçá mais natural... menos romântica...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vida Nova

Já está. A mudança deu-se finalmente.
Escrevo estas palavras sentada no meu sofá cor de beringela. O MEU sofá... na MINHA casa...
É uma casa despida ainda. Faltam algumas peças para que se torne mais parecida com uma casa, mais quente, mais humana... Mas é já um espaço agradável e pronto para receber os amigos que me quiserem visitar.
É uma estranha liberdade esta que vivo. E é estranha precisamente por pouca ou nenhuma estranheza provocar... De repente tudo parece tão natural...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Segredos

Eu procuro um amor
Que ainda não encontrei
Diferente de todos que amei
Nos seu olhos quero descobrir
Uma razão para viver
E as feridas desta vida
Eu quero esquecer
Pode ser que eu a(o) encontre
Numa fila de cinema
Numa esquina
Ou numa mesa de um bar
Procuro um amor que seja bom para mim
Vou procurar
Eu vou até ao fim
E eu vou tratá-la(o) bem
Para que ela(ele) não tenha medo quando começar
A conhecer os meus segredos
Eu procuro um amor
Uma razão para viver
E as feridas desta vida
Eu quero esquecer
Pode ser que eu gagueije
Sem saber o que falar
Mas disfarço e não saio sem ela(ele) de lá
Procuro um amor que seja bom para mim
Vou procurar
Eu vou até ao fim
E eu vou tratá-la(o) bem
Para que ela(ele) não tenha medo
Quando começar
A conhecer os meus segredos
Procuro um amor que seja bom para mim
Vou procurar
Eu vou até ao fim
E eu vou tratá-la(o)bem
Para que ela(ele) não tenha medo
Quando começar
A conhecer os meus segredos
Segredos, EZ Special com Paulo Gonzo, 2009


segunda-feira, 9 de março de 2009

Igualdade

Ontem comemorou-se o Dia Internacional da Mulher e não o celebrei. Na verdade não gosto de o fazer e para mim este é apenas o dia em que passam anos desde que tirei a carta de condução (já lá vão 10).
A razão para a não comemoração é muito simples. Ao contrário de muitas mulheres que se regozijam por terem um dia dedicado a si, eu entristezo porque ele existe.
Não, não se trata de orgulho de quem não quer receber atenção por se achar igual ou suficientemente forte face aos seus pares do sexo masculino. Nada disso. Trata-se sim da tomada de consciência de que este dia só existe porque num determinado momento centenas de mulheres quiseram pôr um ponto final a séculos e séculos de discriminação sexual e sentiram a necessidade de começar a lutar e a reivindicar por direitos iguais aos dos homens.
Mais grave do que isso, existe ainda para nos lembrar que essa é uma luta que infelizmente está longe de terminar.
Em muitos países, sobretudo nos de Terceiro Mundo, mas não só (e isso ainda é mais grave), as mulheres continuam a ser discriminadas relativamente ao sexo masculino. São elas que em média ganham menos; que continuam a despender mais horas com as lides domésticas e a cuidar dos filhos; são elas que têm menos acesso à Educação, sendo entre as meninas que há maiores taxas de analfabetismo a nível mundial; são elas que continuam a receber mais maus tratos por parte dos companheiros/cônjuges; são elas as mais castigadas pelo fanatismo religioso... entre um sem número de factos que, infelizmente, ninguém é capaz de contrariar.
Não é menos verdade que muitos foram os progressos alcançados no último século e meio. Mas também sinto que alguns aspectos poderiam ser bem melhores.
Ainda há poucos meses o meu irmão comentava comigo que estava surpreendido com a quantidade de casais jovens em que há alguma desigualdade em casa, com o peso das tarefas domésticas a recair em cima do elemento do sexo feminino. Dizia-me ele que há uns anos pensava que essa diferença se dissiparia precisamente com a nossa geração.
Questiono-me se essa realidade não será culpa das próprias mulheres. Primeiro das mães, que educaram os filhos, depois, das esposas/companheiras que tole(ra)ram essa diferença e pouco fazem/fizeram para contrariá-la.
Lembro-me de um episódio da minha adolescência que retrata muito isto. Certa noite, depois de jantar (normalmente eu e o meu irmão terminávamos de comer primeiro e seguíamos para os quartos ou para a sala ver televisão e a mãe ficava com o pai a terminar a refeição. Era costume ela deixar a loiça em cima da bancada da cozinha pronta a lavar), a minha mãe vem ter comigo e com o meu irmão e dirige-se a mim: "Carla, está lá a loiça para lavar!". O meu irmão ao ouvir aquilo insurgiu-se e respondeu-lhe: "Porque é que estás a mandar a Carla lavar a loiça se nem sabes se é a vez dela? Só tens de dizer que está lá a loiça, quem a lava é connosco. Que tendência, sempre a mandares a Carla fazer isto ou aquilo!".
Tive sempre muita sorte por ter um irmão que tinha um instinto mais feminista que muitas mulheres, inclusive do que a nossa mãe. Apesar de haver uma partilha de tarefas domésticas entre mim e o meu irmão, que a minha mãe conhecia perfeitamente, ela tinha sempre a tendência para me chamar a mim e nunca a ele.
Como a minha mãe, muitas outras mães, contribuíram para essa diferenciação nas suas próprias casas e, com isso, para o perpetuar de uma discriminação que elas próprias tinham sentido na pele toda a sua vida. Em vez de usarem a Educação, afinal a arma mais preciosa e eficaz que tinham ao seu dispor, para contrariarem o rumo da história, desprezaram-na e perderam uma oportunidade de tornar o mundo mais igualitário.
Claro que há muitos homens como o meu irmão. Felizmente! E a todos elogio por serem capazes de tornar o mundo menos desigual. Mas gostaria que um dia pudéssemos apenas dizer que dantes se comemorava o Dia Internacional da Mulher porque havia desigualdades entre sexos, mas que agora comemorava-se o Dia da Igualdade porque já não havia lugar a discriminações por sexo (quiçá, de nenhum tipo?).
Mas o melhor é continuar a sonhar...

Mudança

Este fim-de-semana fiz as primeiras mudanças para a minha casa! É verdade que já tinha levado muita coisa, mas também não é mentira que a grande maioria foram coisas compradas de raíz e a estrear, sobretudo para a cozinha, a única divisão da casa realmente equipada (pronto, talvez ainda falte uma pecinha ou outra, mas isso já são preciosismos dos quais nem vale a pena falar).
Mas ontem já levei toda a roupa e calçado de Verão, peças que deixaram vagos alguns espaços na casa dos pais (falando neles, acho que finalmente começam a tomar consciência de que vou partir e não gostam da ideia. À mãe já tinha visto surgir umas lágrimas nos olhos, mas o pai só agora começa a dar sinal de quem não tem vontade de se separar do mais novo elemento da sua prole).
Finalmente tenho o tão desejado roupeiro!! E também consegui encomendar uma mesa de centro que estava esgotada há mais de um mês e meio. Pouco a pouco parece que a sorte vai mudando e Março parece surgir como o mês de viragem e da tão almejada mudança!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Já tinha dito que a história por vezes parece repetir-se, não já? É impressionante a semelhança entre factos que vão acontecendo ciclicamente na nossa vida. Nem tudo pode ser mau...

domingo, 1 de março de 2009

My way

A propósito da leitura do livro Maktub, de Paulo Coelho (sim, o mesmo cuja escrita referi aqui há tempos não apreciar e da qual continuo a não ser fã), que uma amiga me emprestou recentemente, li este pensamento que muito faz sentido para mim:
«Seguir um sonho tem um preço. Pode exigir que abandonemos os velhos hábitos, pode fazer-nos passar dificuldades, ter decepções, etc. Mas, por mais alto que seja esse preço, nunca é tão alto como o que é pago por quem não viveu a sua Lenda Pessoal. Porque esses, um dia, vão olhar para trás e vão ver tudo o que fizeram e ouvir o próprio coração dizer: "Desperdicei a minha vida."»
Não creio que alguém possa olhar para trás e dizer que de nada se arrepende do seu passado. Todos nós nos arrependemos e desejamos ter feito algo de forma diferente daquilo que fizemos. É normal que assim seja. Faz parte do percurso que é a vida, a nossa vida. Faz parte do tal processo de crescimento que tantas vezes nos pode causar dor, mas que inevitavelmente nos traz amadurecimento pessoal.
Dizia eu hoje a um amigo meu que às vezes dou por mim a pensar se o que vivi no último ano não teria sido o pior que me tinha acontecido, ao que ele contrapôs que não, que, ultrapassada a decepção em definitivo, iria guardar precisamente a ideia contrária e concluir que tinha sido bom, que me tinha amadurecido.
Acho sinceramente que ele tem razão. Se me perguntarem se me arrependo dessa luta, não terei a menor hesitação em responder que não. No fundo segui sempre aquilo que achava ser o meu desejo. Vivi à minha maneira, segundo o que achava ser o melhor para mim. "Antes arrepender-me do que fiz do que por não tê-lo feito". Esta foi, é e será sempre a máxima pela qual regerei a minha vida.
Seria bem pior estar agora a pensar no que é que teria perdido se não tivesse arriscado. Assim, posso ao menos pensar que fiz sempre o que estava ao meu alcance para que resultasse, sem o orgulho que tantas vezes nos impede de nos darmos aos outros, que nos impede de viver por não querermos abdicar, por não querermos dar-nos ao trabalho...
Se teria feito coisas diferentes? Sim, sem dúvida. Faz parte do processo de crescimento perceber que há coisas que não resultam e que, sendo diferentes, poderiam ter dimanado em algo muito mais frutuoso. Afinal é por isso que se diz que se aprende com os erros...
Errar é arrependermo-nos. Mas não há erro e verdadeiro arrependimento se simplesmente não se tiver vivido...
Um dia, quando for velhinha, quero poder olhar para trás e dizer: Vivi a minha vida e fi-lo à minha maneira...




And now, the end is near;
And so I face the final curtain.
My friend, I'll say it clear,
I'll state my case, of which I'm certain.
I've lived a life that's full.
I've traveled each and evry highway;
And more, much more than this,
I did it my way.
Regrets, Ive had a few;
But then again, too few to mention.
I did what I had to do
And saw it through without exemption.
I planned each charted course;
Each careful step along the byway,
But more, much more than this,
I did it my way.
Yes, there were times, Im sure you knew
When I bit off more than I could chew.
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall;
And did it my way.
I've loved, I've laughed and cried.
I've had my fill; my share of losing.
And now, as tears subside,
I find it all so amusing.
To think I did all that;
And may I say - not in a shy way,
No, oh no not me,
I did it my way.
For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught.
To say the things he truly feels;
And not the words of one who kneels.
The record shows I took the blows -
And did it my way!

My Way, Frank Sinatra, 1968

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Felicidade

Em Outubro de 2006 publiquei neste mesmo espaço o texto Sentir. Escrevia eu na altura que o Homem tem como única demanda a felicidade e que tudo o que faz na vida tem como grande objectivo alcançá-la.
Hoje a SIC passou uma reportagem especial sobre este tema. O que é que é a felicidade e o que faz os portugueses felizes? As respostas não variam muito, entre a família e os amigos, o amor e a saúde, quase todos apontam os mesmos meios para atingirem um fim comum.
A certa altura dessa peça há a referência à estranheza que é o facto de serem os povos escandinavos, nomeadamente os dinamarqueses, os que se consideram mais felizes. São das pessoas que menos horas de sol recebem por contraponto aos do sul da Europa, nomeadamente os portugueses, mas parece que isso não é motivo para andarem menos contentes com a vida.
Não foi a primeira vez que pensei nessa contradição que é o facto de os portugueses, que são o povo que usufrui de maior número de horas de Sol por ano, ser provavelmente o mais triste e nostálgico. Afinal apenas na nossa língua existe a palavra saudade...
Sabendo que a acção do Sol estimula a produção da serotonina, um neurotransmissor cerebral que regula, entre outras coisas, o sistema nervoso através da sua acção estimulante e calmante, pergunto-me porque razão são os portugueses tão negativos, tão propensos a queixar-se.
A verdade é que tudo tem a ver com a dimensão das expectativas criadas, algo também referido na reportagem. Ao que parece os dinamarqueses têm expectativas muito baixas, logo, tudo o que lhes acontece de positivo, surpreende-os e é motivo de regozijo. Imagino que um dinamarquês, tão habituado que está a um tempo cinzento, por exemplo, quando experiencia um raio de Sol, de tão raro que é, fica naturalmente satisfeito. Os portugueses têm o Sol como dado adquirido e a sua expectativa é ter quase sempre Sol. É terem uma Primavera e um Verão quentes por natureza. Se a sua expectativa está tão elevada, ao mínimo dia mais frio e encoberto, ressentem-se.
É engraçado, ainda esta semana estava a comentar com uma amiga que me sentia deprimida e que já nem podia apontar o Sol como desculpa. Dizia-me ela que as pessoas que estão com depressão ou que raiaram o seu limite é nesta altura que se ressentem mais porque percebem isso mesmo, que o Sol chegou e elas não se sentem melhor, pelo contrário, sentem-se mais em baixo porque vêem os outros felizes, a aproveitar a luz e o calor e elas não.
Apercebi-me que os portugueses são mais insatisfeitos porque são muito exigentes, porque colocam a fasquia muito alto, porque são sonhadores e fantasiam. De repente foi-lhes aberto um mundo ao qual estiveram vedados durante muito tempo. De repente também nós pudemos ambicionar algo mais. Dantes poucos eram os que nasciam com a expectativa de estudar, de ter um emprego que pagasse bem e lhes permitisse comprar bens que nem sequer conheciam. Se não tinham essa expectativa, a frustração não podia ser muito grande. Se não conheciam, não podiam desejar.
Lembro-me dos meus avós me contarem as tremendas dificuldades por que passaram, da fome que sentiram, do trabalho que tinham de realizar de Sol a Sol, de serem explorados... e da saudade que tinham porque no meio disso tudo conseguiam conviver com outros, cantar e até dançar. Não ambicionavam mais do que isso: alguns momentos de partilha e de alegria porque à partida as condições que conheciam não iriam mudar.
Imagine-se uma mulher que nasce sabendo que o seu destino não diferirá muito do da sua mãe e, antes desta, do da sua avó: ser analfabeta, casar com alguém que se calhar nem conhece muito bem e por quem até nem nutre grandes sentimentos, ter filhos e tomar conta da casa. Poderá dizer que está infeliz? Se calhar está mas nem tem consciência disso porque na verdade nunca parou para pensar que existe tal conceito.
Uma mulher do século XXI cresce com uma expectativa muito diferente de vida. Sabe que ao seu alcance está muito mais do que estava para a mulher de há um século atrás. Se de alguma forma não alcançar o que idealizou na sua juventude, então poderá sentir-se infeliz porque a infelicidade não será mais do que um tremendo descontentamento e uma enorme frustração das expectativas antes criadas.
Um desgosto de amor, por exemplo, não é mais do que o frustrar de expectativas. É isso que torna o processo de recuperação tão doloroso, aceitar que aquilo que se idealizou, que se esperou afinal nunca chegou a concretizar-se. O que me leva a um pensamento contraditório com tudo aquilo que na verdade acredito e pelo qual me continuo a reger, dando razão a Flávio Gikovate, psiquiatra e psicoterapeuta brasileiro que, numa recente entrevista à revista Visão, defendia que «é possível ser feliz sozinho».
Acredito sinceramente que é muito melhor viver com alguém ou ter alguém do que estar só. Mas se assumirmos aquela premissa como uma possibilidade, então há um decréscimo da expectativa e tudo o que vier acima do esperado, contribuirá de forma mais decidida para alcançar a felicidade.


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

November Rain

Hoje aconteceu ouvir uma das baladas mais bonitas do início da década de 90. Já não a ouvia há algum tempo e gosto tanto! O som que resulta da junção inicial das teclas e dos violinos e o solo de guitarra mais para o final da canção é dos que me fazem eriçar os pelos dos braços.
Hoje percebi que Novembro é para mim um mês que marca acontecimentos tristes, daqueles que nos fazem chorar como se de chuva tratasse. Percebi que foi em Novembro que recebi por mais do que uma vez a notícia que ninguém deseja receber. Daquelas capazes de matar a esperança de quem ama.
A história repete-se. Não tinha pensado nisso antes, mas a verdade é que, apesar de diferir em muitos pormenores, voltou a acontecer em Novembro...





When I look into your eyes
I can see a love restrained
But darlin' when I hold you
Don't you know I feel the same
'Cause nothin' lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold November rain
We've been through this such a long long time
Just tryin' to kill the pain
But lovers always come and lovers always go
And no one's really sure who's lettin' go today
Walking away
If we could take the time to lay it on the line
I could rest my head
Just knowin' that you were mine
All mine
So if you want to love me
then darlin' don't refrain
Or I'll just end up walkin'
In the cold November rain

Do you need some time...on your own
Do you need some time...all alone
Everybody needs some time...on their own
Don't you know you need some time...all alone
I know it's hard to keep an open heart
When even friends seem out to harm you
But if you could heal a broken heart
Wouldn't time be out to charm you

Sometimes I need some time...on my own
Sometimes I need some time...all alone
Everybody needs some time...on their own
Don't you know you need some time...all alone

And when your fears subside
And shadows still remain, ohhh yeahhh
I know that you can love me
When there's no one left to blame
So never mind the darkness
We still can find a way
'Cause nothin' lasts forever
Even cold November rain

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You're not the only oneYou're not the only one

November Rain, Guns N' Roses, 1992

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Recalcamento

As lágrimas escorreram hoje pelo meu rosto. A intensidade dramática da história aliada ao calor sufocante que se fazia sentir na sala de cinema apoderaram-se de mim de tal forma que toda eu era comoção.
Há argumentos assim, que de tão fortes e pesados nos comovem e fazem pensar. Há histórias das quais nos apropriamos pela vontade de querermos fazer diferente, pela vontade que temos de lhes mudar o rumo. E exemplos há que nos negamos a seguir.
Tenho medo. Tenho medo de não conseguir dizer tudo o que sinto, tudo o que preciso de dizer para me libertar. Receio não te conseguir resolver. E os sonhos continuam. Desconcertantes, por vezes...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Adagio

Hoje fomos ao Coliseu. Eu e tu num serão cultural como tanto apreciamos. Nem poderia ser de outra forma. Não fazia sentido convidar outra pessoa para ir comigo ouvir o Concierto de Aranjuez senão tu, que me deste a conhecer esta composição há quase uma década atrás.
Lembro-me quando comprei o CD do Concierto numa interpretação de Paco de Lucía e de vir para casa ouvi-lo. O coração parecia querer saltar-me do peito nessa altura. Os olhos enchiam-se de lágrimas ao escutar o Adagio. Que peça magnífica! Bela e triste como também o amor pode ser. Acho que já te amava nessa altura apenas não o tinha assumido. A música aproximava-nos numa época de descobertas. E como adorava ouvir-te tocar!
A relação mudou mas para sempre ficou o amor genuíno de quem se amou sem dúvida nem incerteza; de quem fez da cumplicidade o fio condutor de uma relação que ainda hoje perdura.
Adagio, Concierto de Aranjuez, de Joaquín Rodrigo, 1939


domingo, 8 de fevereiro de 2009

Irracionalidade

Hoje foi dia de jogo grande (e não dérbi, como erradamente se costuma dizer, já que essa palavra, originária de Inglaterra, aplica-se ao futebol quando há jogo entre duas equipas da mesma cidade e não de cidades diferentes como foi o caso do Porto vs Benfica).
Hoje foi dia de memórias. Lembrei-me de outros jogos e de emoções fortes. Lembrei-me de quando era miúda e de quando, em conjunto com o meu irmão, ouvia relatos pelo rádio ou via os jogos pela televisão. Lembrei-me de alguns bem emocionantes, daqueles que nos fizeram chorar de tristeza e de alegria.
E lembrei-me de ti (não era difícil tendo em conta o nome do marcador do golo do Porto) e de que também tu estarias a acompanhar o jogo tal como eu. Lembrei-me que o futebol e a preferência clubística nos tinham aproximado no passado e que fizemos deste interesse comum o pretexto para um primeiro encontro. Não foi há muito tempo, mas parece que foi há uma eternidade...
Dei por mim a pensar que o futebol e o amor têm em comum a irracionalidade. Não há explicação para ambos. Ninguém sabe porque gosta deste em vez daquele clube e dificilmente se explica a razão pela qual nos apaixonamos por esta e não por aquela pessoa quando se calhar aquela tem todas e quaisquer qualidades que à partida poderíamos desejar.
No entanto, numa coisa divergem. Independentemente das desilusões, dos maus resultados contínuos e da falta de glória, estes nunca serão o suficiente para que deixemos de gostar do jogo e troquemos de clube. Ao invés, no amor a perenidade não é um estado. O que hoje sentimos pode ser muito diferente do que sentimos ontem e, com maior ou menor sofrimento, é possível deixar de amar alguém para voltarmos a interessar-nos por outrem.
P.S. O jogo terminou empatado. Frustração...

sábado, 31 de janeiro de 2009

Sonho

Pergunto-me se também pensas em mim e se questionas a minha existência da mesma forma que eu questiono a tua;
Se também tentas imaginar como é o meu rosto e o meu corpo; se sentes curiosidade em saber de que cor são os meus olhos e qual o tom da minha voz. Questionarás a que sabem os meus beijos e o quão salgada é a minha pele?
Penso no que sentirei quando pela primeira vez te tomar nos meus braços e te abraçar de encontro ao meu peito; quando te passar os dedos pelo cabelo e te esculpir o corpo de ósculos.
E sonho com o dia em que os nossos dois corpos entrelaçados se tornarão num só vulto envolto em sensualidade e êxtase.
Perguntar-te-ás onde é que eu estou e se te procuro? Espero que sim, que como eu imagines o dia em que os nossos caminhos se cruzarão para não mais se distanciarem.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Endless Road

Time can only whisper truth for both of us
All the answers I can't find, I put my trust

In a never ending road that leads to my door
I don't want you to go my love
That's all you'll have to know

And I want you to have my soul
Somebody show me the way
And I want you to know, my love,
It's an endless road till love finally comes our way
my love ooooh my love
It's an endless road till love finally comes our way
My love

Now we fought against a wall when love was 'bout to fall
We tried to make it flow, but love wouldn't let us go
Crazy us, for all those wasted words

I don't want you to go my love
That's all you have to know
And I want you to have my soul
Somebody show me the way

And I want you to know, my love,
It's an endless road till love finally comes our way
my love ooooh my love
It's an endless road till love finally comes our way
My love

Endless Road, Time Bandits, 1985

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Esperança - armadilha ou salvação?

A propósito do filme Changeling (A Troca), de Clint Eastwood, e que conta a história verídica do desapareciemnto de Walter Collins e da sua incansável procura por parte da mãe, Christine Collins, veio-me à memória uma afirmação que uma amiga minha fez há uns tempos sobre Esperança.
Escrevia ela que «a esperança é um erro… um erro incomensurável. É a armadilha que criamos para nos convencermos de que um dia tudo será como dantes... (...) Esperar é morrer… é definitivamente morrer lentamente na saudade. (...) Não acaba… nunca acaba…mas custa tanto largar…deixar cair, abandonar e perder tudo o que é nosso e voltar a amar.»
Lembro-me que quando li estas frases hesitei em emitir uma opinião. Não tinha a certeza se concordava ou se, pelo contrário, discordava. Mas quando vi o filme que termina com Christine, risonha, a dizer que naquele momento tinha algo que já não tinha há muito tempo que era a esperança, concordei com a minha amiga, se não totalmente, pelo menos em parte.
Naquele instante tomei consciência de que a Esperança é um estado ambíguo, que tanto pode ser benéfico como pode também assumir-se como a mais terrível das armadilhas de que falava a minha amiga.
A Esperança pode cegar-nos e impedir-nos de encerrar capítulos e, consequentemente, vedar-nos o vislumbre de uma perspectiva de vida diferente. Pode impedir-nos de fazer um luto, como foi o caso daquela mulher que viveu para sempre à espera de voltar a ter uma vida que, sabemos hoje, não seria nunca mais possível. Pode levar-nos a viver num estado de incerteza e de sobressalto permanente, como se nunca pudéssemos voltar a ter paz na nossa vida.
A Esperança pode ser enganadora porque, na ilusão de voltarmos a ter o que tivemos, impede-nos de viver o que podemos ter de novo. Impede-nos de refazer a vida.
Mas como estado ambíguo que é, a sua perspectiva muda se também mudarem as circunstâncias em que é vivido. E se em vez de vivermos com a ideia de que tudo volte a ser como dantes, vivermos com a ideia de que o passado não volta mas que o futuro, esse sim, virá para ser vivido com o fulgor e a excitação com que se vive o desconhecido pela primeira vez?
Hoje vivo sob esta última perspectiva. Sei que não volto a ter o que tive, mas acredito que posso vir a viver algo ainda muito melhor. Essa é hoje a minha esperança e é isso que me faz continuar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

(Re)Encontro

Hoje voltei a encontrar-te. Consegui falar contigo sem que sentisse o chão fugir-me debaixo dos pés numa conversa cautelosa e não muito extensa como manda a prudência que o faça.
Hoje encontrámo-nos mas não nos reencontrámos. Terá de passar mais tempo para que esse momento que ambos desejamos aconteça; para que possamos falar com naturalidade sobre o que aconteceu, sobre o tempo em que estivemos afastados, sobre as nossas vidas pessoais...
Hoje falámos mas não te disse o que te tenho repetido em pensamento ao longo dos últimos meses. O bom e o mau. Não te disse por exemplo que continuo a sonhar contigo com uma regularidade que só não é perturbadora por ser já tão natural. E não te disse também quão premonitórios foram alguns desses sonhos. Rir-te-ás um dia quando to contar.

Hoje senti esperança porque percebi que não me enganei no essencial quando há um ano atrás deixei que entrasses na minha vida. É por isso que, independentemente das voltas que o calendário dê, continuo a acreditar que um dia seremos amigos, porque tu, speedy, ainda vales a pena...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Uma vez, numa aula de Inglês do 5.º ano, tive de completar frases sobre mim e sobre os meus hábitos e acções. Uma dessas frases era: quando estou triste... Canto! E a professora na altura achou estranho, mas eu expliquei-lhe que a música me alegrava.
E de facto assim foi sempre, excepto nos últimos meses. Deixei de ouvir música em casa. No trabalho cheguei a desligar o rádio e no carro mudava constantemente de emissora em busca de alguma canção mais enérgica e menos melancólica.
Parecia que todas as canções remetiam para o mesmo e em vez de me alegrarem, deprimiam-me... Mas agora já não. Claro que há canções que associarei sempre a esse período e que poderão trazer-me à memória tristes lembranças, mas no geral alegram-me!
Hoje dei por mim a elevar o som do rádio no trabalho e a dançar ao som do Like a Prayer da Madonna e a caminho de casa vibrei com o Flashdance... What a Feeling, da Irene Cara.
Esta última foi sempre uma das minhas preferidas e sempre me deu força e uma sensação de domínio tal que sentia que nada me poderia deter. Tenho-me sentido assim, capaz de levar tudo à frente! Como se pouco a pouco fosse saindo do estado de letargia em que me encontrava. Começo a sentir novamente que sou capaz de tudo, que não há nada que me possa deitar novamente abaixo...






First, when there's nothing but a slow glowing dream
That your fear seems to hide deep inside your mind
All alone I have cried silent tears full of pride
In a world made of steel, made of stone

Well I hear the music, close my eyes, feel the rhythm
Wrap around, take a hold of my heart

What a feeling, bein's believin'
I can't have it all, now I'm dancin' for my life
Take your passion, and make it happen
Pictures come alive, you can dance right through your life

Now I hear the music, close my eyes,
I am rhythm
In a flash it takes hold of my heart

...
What a feeling

What a feeling (I am music now), bein's believin' (I am rhythm now)
Pictures come alive, you can dance right through your life
What a feeling (I can really have it all)
What a feeling (Pictures come alive when I call)
I can have it all (I can really have it all)
Have it all (Pictures come alive when I call)
(call, call, call, call, what a feeling)I can have it all
(Bein's believin') bein's believin'
(Take your passion, make it happen) make it happen
(What a feeling) what a feeling...

Flashdance... What a Feeling, Irene Cara, 1983