quinta-feira, 7 de maio de 2009

I Dreamed a Dream ou a queda dos esterótipos

Acho que é a primeira vez desde que criei o meu blogue que escrevo de dia. Não só porque gosto mais de fazê-lo à noite, a altura do dia em que me sinto mais livre e inspirada, mas também porque de dia não me sobra muito tempo para fazê-lo.
Mas agora estou em casa, em repouso e sem muito para fazer que não seja dormir, ver tv, ler, navegar na internet e, claro está, escrever. Enquanto navegava pela net dei por mim a ler as últimas actualizações sobre a vida de Susan Boyle, uma escocesa de 47 anos que fez furor no mês passado ao participar no concurso britânico de talentos musicais Britain's got Talent.
Já tinha ouvido falar dela, mas não tinha visto o vídeo da sua apresentação a concurso. Pelo que li hoje, este é já o 5.º vídeo mais visto de sempre na Internet. Ao que parece, um caso sério de popularidade.
Não sendo propriamente comuns, grandes vozes não são também assim tão raras. Frequentemente estes concursos arrancam do anonimato verdadeiros talentos, pessoas detentoras de vozes bonitas e invulgares e que simplesmente não tinham tido anteriormente a possibilidade de se mostrarem.
Então, o que é que Susan tem de tão diferente que tenha gerado tamanha curiosidade à sua volta? É muito simples. É que para além da capacidade vocal, ela já não é muito nova e, acima de tudo, não é bonita, é solteira e é virgem. Na verdade a senhora revelou nunca ter beijado um homem.
Ora, curiosas como são as pessoas, sempre à procura do sórdido ou do insólito, não é difícil perceber que o que tem levado as pessoas a procurar informação sobre Susan ou mesmo a ver o vídeo dela é satisfazerem a curiosidade que têm sobre alguém que lhes parece extremamente invulgar, senão mesmo anormal para os padrões actuais de vida.
Não são muitos os casos de pessoas talentosas que não sejam bonitas. Pelo menos aquelas que têm maior destaque. Quando pensamos em novos talentos, pensamos em jovens. São eles que têm mais probabilidade de singrar no mundo concorrencial do espectáculo. E dificilmente pensamos que haja pessoas que, como a Susan, nunca tenham tido a mais natural das experiências, que é dar um beijo.
A normalidade encerra em si diferentes perspectivas. Algo normal só o é para quem o entende como tal. O que para mim é normal, para o meu vizinho pode ser considerado a mais absurda das realidades.
Apesar da predominância de certos estereótipos, há pessoas que inevitavelmente lhes fogem. Umas por opção, outras pelas condicionantes da sua própria vida e do mundo que as rodeia. Não me parece é que alguém deva ser gozado por isso, como começa a acontecer com esta mulher sobre quem já circulam anedotas sobre o facto de nunca ter sido beijada por ninguém. Mais, já existem propostas para a realização de um filme pornográfico que registaria a sua iniciação sexual...
Mas Susan tem um sonho, um desejo igual ao de tantas outras pessoas, que é o de ser cantora. Talento não lhe falta. Veremos se só isso importa.
Fica o endereço do tão falado vídeo, já que neste momento está vedada a possibilidade de incorporação. É de facto uma actuação comovente:

1 comentário:

Zé Rafael disse...

Susan Boyle é um caso em que as aparências iludem.
Esperemos que ela tenha finalmente as oportunidades que todos merecem, e que possa mostrar todo o talento e qualidades humanas que nela residem (em 1999, ela gravou uma música lindíssima para um CD de caridade, http://www.youtube.com/watch?v=kXwc-i5eYdU).
Beijinhos