terça-feira, 27 de março de 2007

Paradoxo

É muito fácil relacionarmo-nos com alguém. No local de trabalho, na escola, no ginásio... em qualquer lado estabelecemos relações. Hoje somos estranhos que se conhecem, amanhã convivemos com um tal à-vontade que parece que sempre foi assim. Mas até que ponto nos conhecemos verdadeiramente uns aos outros? Até que ponto estamos interessados em fazê-lo? Por que razão é tão difícil ultrapassar a barreira da informação e alcançar os estádios do conhecimento e do saber em relação ao outro? E, o que é que nos impede de fazê-lo?

Perguntas que revelam uma espécie de paradoxo existente nas relações interpessoais e que me inquietam ao ponto de me fazerem saltar da cama para escrever. Quererei conhecer alguém e dar-me a conhecer? Será isso que me está a deixar tão inquieta ao ponto de não conseguir dormir?

...

Paro, escuto, espreito e volto a olhar (para mim e para os que me rodeiam) e chego à conclusão que é por medo que não aprofundamos as relações, que não vemos para além da superfície. Medo de nos expormos e de sermos gozados e ridicularizados; medo de que não gostem de nós, do nosso verdadeiro eu. Receamos perder uma relação que no fundo pouco ou nenhum sumo tem. Valerá a pena tanto cuidado? Não estaremos por vezes a perder mais por deixarmos o tempo avançar?

...

Mas quem é que eu quero conhecer e quem é que eu quero que me conheça? Já existe(m) essa(s) pessoa(s) na minha vida ou ainda está(ão) por aparecer? Será isso que verdadeiramente me inquieta, a ideia de não estar suficientemente atenta e receptiva quando e se isso acontecer?

sábado, 3 de março de 2007

Quand on n'a que l'amour

Quand on n'a que l'amour
A s'offrir en partage
Au jour du grand voyage
Qu'est notre grand amour

Quand on n'a que l'amour
Mon amour toi et moi
Pour qu'éclatent de joie
Chaque heure et chaque jour

Quand on n'a que l'amour
Pour vivre nos promesses
Sans nulle autre richesse
Que d'y croire toujours

Quand on n'a que l'amour
Pour meubler de merveilles
Et couvrir de soleil
La laideur des faubourgs

Quand on n'a que l'amour
Pour unique raison
Pour unique chanson
Et unique secours

Quand on n'a que l'amour
Pour habiller matin
Pauvres et malandrins
De manteaux de velours

Quand on n'a que l'amour
A offrir en prière
Pour les maux de la terre
En simple troubadour

Quand on n'a que l'amour
A offrir à ceux-là
Dont l'unique combat
Est de chercher le jour

Quand on n'a que l'amour
Pour tracer un chemin
Et forcer le destin
A chaque carrefour

Quand on n'a que l'amour
Pour parler aux canons
Et rien qu'une chanson
Pour convaincre un tambour

Alors sans avoir rien
Que la force d'aimer
Nous aurons dans nos mains,
Amis le monde entier


Jacques Brel, 1956