segunda-feira, 21 de abril de 2008

Mãe Coragem,

será assim que muitos te lembrarão.

Como uma mulher que tudo fez, que tudo dedicou e que de tudo abdicou pelos filhos. Uma mulher-guerreira, que de tão lutadora que foi, granjeou em todos que a conheceram uma enorme admiração.

Foste também tão teimosa! Antes não o tivesses sido em algumas situações, mas quem te podia contrariar? Eu bem tentei tantas vezes! Quantas discussões tivemos, quantas vezes chocámos? E porquê? Porque nos meus genes segue uma boa parte do teu código genético e sou tão teimosa e aguerrida como tu e tenho orgulho disso, sabes? Orgulho-me de saber que de todos os netos, sou a mais parecida contigo. Tu própria mo disseste algumas vezes. Como tu, também eu sou refilona, também eu não baixo os braços e vou à luta por aquilo que quero; como tu faço tudo o que posso pelos que amo...


Nunca o Douro me pareceu tão triste como no dia em que percorri as suas encostas para te ver pela última vez. Os socalcos, muitos deles fruto também do esforço dos teus braços, estavam inundados de lágrimas, lágrimas que o céu chorou copiosamente, à semelhança do que fizeram todos os que te amavam.

Não sei como vai ser lá voltar... Aquela paisagem que tanto amavas e que tanto sempre me fez vibrar já não me parece a mesma... Acabaram-se as reuniões de família em Agosto como antes as vivemos. Já lá não vais estar para nos receber com a mesma vontade e a mesma generosidade a que nos habituaste; já lá não vais estar para assoprar as velas em mais um aniversário...

Ou talvez estejas. Afinal perdurarás nas minhas e nas memórias de todos os que te foram queridos e para sempre recordaremos todos aqueles momentos felizes que vivemos.

E de ti falaremos sempre com um imenso orgulho, Avó.
Até sempre...