sábado, 29 de dezembro de 2007

P&L

Todos os meses na empresa onde trabalho fazemos a análise do P&L - Profit and Loss. Trata-se nada mais, nada menos do que um balanço entre aquilo que se perdeu e ganhou ao longo do mês.

É através deste exercício que os gestores tomam o pulso à evolução do seu negócio e que percebem se o mesmo está a correr de acordo com aquilo que previamente projectaram ou não. Dependendo para que lado pesa a balança, alinham-se procedimentos e novas estratégias são desenvolvidas para que essa evolução conheça apenas um sentido: o do sucesso.

Mas este é um exercício que não serve apenas o mundo dos negócios. Todos os dias, semanas, meses ou anos fazemos um balanço daquilo que são os ganhos e as perdas na nossa vida. Também nós medimos se a nossa vida corre conforme, melhor ou pior do que aquilo que planeámos.

Vem tudo isto a propósito do final do ano e da minha necessidade de analisar o que correu bem e o que correu mal nos últimos 362 dias da minha vida.

Não é necessário ir até ao detalhe para perceber que 2007 foi um ano com balanço positivo para mim. Não chego a esta conclusão leviana ou irreflectidamente. Nem sequer o faço sem me lembrar dos momentos difíceis que passei.

Houve dias, semanas e meses em que as dificuldades apertaram e em que me apetecia desaparecer. Ao aceitar mudar, resultado de uma promoção ambicionada há algum tempo, abracei um desafio que se revelou por vezes complicado de superar.

Foi dolorosa a separação que esta mudança acarretou. Deixar de estar com pessoas com quem tinha passado excelentes momentos e com quem tinha desenvolvido um trabalho profícuo, custou-me e muito! Mas essa separação mostrou mais uma vez a importância da amizade na minha vida e foi essencial para cimentar relações.

O desafio em si foi superado com sucesso e permitiu-me granjear o reconhecimento que me vai permitir subir mais um degrau na minha vida profissional já no início de 2008.

As projecções estão cada vez mais ambiciosas e a parada subiu bastante desde o último balanço feito há um ano atrás. Mas é essa adrenalina que me dá força para continuar a projectar e a realizar os meus objectivos. Por isso, é com muita esperança e convicção que me despeço de 2007 e abraço 2008, o ano das grandes realizações pessoais!!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Lugar

Tenho um meu lugar,
Que guardo só para mim,
Em segredo onde o tempo não tem fim…

E sei onde encontrar,
Se o certo é me perder,
Num instante esse mundo tão meu…

Sei eu, sei eu…
Sei eu, sei eu,
De um mundo só meu…
Só meu, só meu…
Só meu, só meu…
Que há dentro de ti…

Dentro de ti…

E afasto sem quebrar,
Por todo o meu jardim,
Ramos soltos que me querem ver cair…

E sei onde esperar,
Se o certo é me encontrar,
Bem distante nesse o mundo tão meu…


Pedro Khima, 2007


Tudo (quase) na mesma

O tempo passou e nada mudou.

Se soubesses como foi para mim uma alegria constatar que, apesar de terem passado tantos meses desde a última vez que estivemos juntos, continuamos amigos como antes. Saber que ainda conseguimos passar madrugadas a falar de nós, das nossas vidas e das partidas que o destino nos prega; do amor e da felicidade que buscamos; da amizade e das desilusões que vamos tendo... é para mim reconfortante!

Se já antes pensava saber as razões do teu afastamento, agora tudo ficou ainda mais claro. Assolado pelo sofrimento achaste melhor refugiares-te em ti mesmo e, se aceito, não consigo compreender porque não me procuraste. Ter-te-ia ouvido e o meu ombro oferecido para chorares a tua perda. Ter-te-ia abraçado com tanta força que seria impossível sentires-te só...

Afinal somos amigos. Nunca deixámos de o ser e, se já antes o sabia, agora tenho a certeza. Mas comigo não podia ser de outra forma. Tu mesmo me disseste que eu sou uma crente nas pessoas e nos bons sentimentos.

Chamas-me idealista, mas é com os pés bem assentes na terra que afirmo que é possível acreditar novamente, que é possível entregarmo-nos como se nunca antes o tivéssemos feito, como se nunca tivéssemos sofrido...







segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alma Gémea

Tenho ...
... saudades de mim e de ti juntos.

Saudades de quando éramos crianças e brincávamos na rua até ao anoitecer. Saudades da nossa infância simples, mas livre de preocupações. Não tínhamos muitos brinquedos e o computador só chegou na idade adulta, mas divertíamo-nos muito.

Eu defendia-te e tu defendias-me sempre. Não havia ninguém mais importante para mim do que tu. Ainda hoje não há. Tu eras, és e serás sempre o meu orgulho.

Saudades de quando, já mais crescidos, dissertávamos sobre a vida e sobre o que o futuro nos reservava. Foram muitas noites passadas a conversar e a adivinhar e sinto saudades desses momentos, sabes?

Saudades de coisas tão simples como assistir a um jogo de futebol ou a um filme contigo. Acho que até sinto falta das nossas discussões. Afinal, era tão fácil perdoarmo-nos.

Mais do que irmãos, sempre fomos melhores amigos. Duas almas gémeas que em tudo se assemelham e em tudo se compreendem. Ainda hoje é assim, não é? Eu quero acreditar que sim, que mesmo longe tu continuas a perceber aquilo que muitas vezes me é tão difícl explicar.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Bipolar

É desta forma que cada vez mais me defino e é assim que cada vez mais me vêem. Não é necessariamente mau, também não é bom. Apenas é. Sou como sinto porque afinal sinto como sou.

Como é possível que no mesmo dia acorde com um sentimento de completa insatisfação, angústia e alguma irritação e ao final da tarde comece a sentir o subir de uma adrenalina que não tem também ela razão de ser, mas que fervilha ao ponto de me sentir tão viva e agradada com a vida?

Existe por vezes em mim um descontentamento contente que me vulnerabiliza a um tal ponto que só um ouvido amigo é capaz de atenuar.

Só pelas pessoas vale a pena viver. Sozinhos nada somos, de nada valemos. Não me interessa viver se a minha vida não puder partilhar, se não tiver um ombro onde chorar, um ouvido para me escutar ou um braço para abraçar.

É por isso que agora em tempo de mudança, em que tenho que ser forte mesmo quando só me apetece fugir, sinto tanto a vossa falta. Por isso vos peço para nunca me abandonarem, pois mesmo separadas seremos sempre a "equipa maravilha". Mais do que colegas, seremos sempre amigas.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Memória curta...

Passaram 33 anos desde a revolução dos cravos. Tão pouco e, no entanto, parece ter sido o suficiente para que tantas pessoas se esquecessem de como Portugal era um país mais triste e cinzento antes de 25 de Abril de 1974.

Quanto mais o tempo passa, mais o esquecimento aumenta. A memória fica mais fraca, os acontecimentos esbatem-se e a amnésia instala-se.

É com tristeza que todos os anos constato quão ignorantes são muitos dos nossos jovens em relação à revolução e ao que ela significou e ainda significa para todos os que, como eu, amam a liberdade. Mas é com maior pesar que oiço tantas pessoas que viveram na e com a ditadura dizerem que as coisas estão piores, que antes é que era bom, que de nada adiantou fazer-se a revolução...

Como pode a memória das pessoas ser tão curta? Como podem tantas pessoas olvidar-se de tempos tão difíceis para uma grande maioria da população, que durante décadas não viveu, antes sobreviveu a uma vida dura, de muito sofrimento e de privações constantes?

Privados de liberdade, de comida, de educação e de justiça, os portugueses eram um povo mais triste e mais inseguro. Não é preciso ter vivido esses tempos para saber isso e só quem teve o privilégio de não ter sentido na pele o peso da ditadura o poderá negar.

Podia ser melhor? Claro que podia! Pode e poderá ser sempre superior! Se não fosse a possibilidade de evoluirmos, de tentarmos fazer mais e melhor, de pouco valeria a pena vivermos. Afinal, como escreveu Camões um dia, «Todo o mundo é composto de mudança/Tomando sempre novas qualidades». A vida é isto mesmo, um movimento perpétuo que busca a perfeição, o sonho, a utopia...

Mas a demanda pela perfeição só é possível se tivermos sempre presente aquilo que não queremos repetir. Tal como não podemos esquecer que um dia milhões de pessoas morreram no Holocausto, também temos que ter sempre presentes as centenas de pessoas que neste cantinho à beira-mar plantado deram a sua vida por um ideal: a liberdade de viver.


No que depender de mim, a memória não se esbaterá. E, apesar de não ter vivido naquela altura, será sempre com nostalgia que assistirei a imagens do dia em que soldados foram recebidos com cravos e será sempre com emoção que escutarei Zeca Afonso cantar a Grândola Vila Morena...

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Para sempre Abril

Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
espera.
...
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.

A Tourada, Ary dos Santos, 1972


Ontem apenas
fomos a voz sufocada
dum povo a dizer não quero;
fomos os bobos-do-rei
mastigando desespero.
Ontem apenas
fomos o povo a chorar
na sarjeta dos que, à força,
ultrajaram e venderam
esta terra, hoje nossa.

Uma gaivota voava, voava,
asas de vento,
coração de mar.

Como ela, somos livres,
somos livres de voar.

Uma papoila crescia, crescia,
grito vermelho
num campo qualquer.

Como ela somos livres,
somos livres de crescer.

Uma criança dizia, dizia
"quando for grande
não vou combater".

Como ela, somos livres,
somos livres de dizer.

Somos um povo que cerra fileiras,
parte à conquista
do pão e da paz.

Somos livres, somos livres,
não voltaremos atrás.

Somos Livres, Ermelinda Duarte, 1974

Nasci num país de silêncio e luta
E cresci rasteiro(meu pão era curto)
Não vendi a esperança
Nem pedi meu preço
De tudo o que vi
Nunca mais me esqueço
Fui vivendo à força
De suor e fome
...
Calaram-me a boca
Cortaram-me o riso
Mas estava de pé
Quando foi preciso
Em Abril, Abril
Em Abril-sem-medo
...
Nasceram razões
Nasceram braços
Nasceram canções
Nasceram bandeiras
...
Nasceu meu país
Meu país criança
Em Abril, Abril
Tempo de mudança
Meu povo, raiz,
Dum cravo de esperança.

Com Uma Arma, Com Uma Flor, Paulo de Carvalho, 1975

sábado, 14 de abril de 2007

De Tu Boca

Y que importa si en mis sueños no te encuentro,
este amor que llevo dentro no se tiñe no se borra.
Y que importa que ahora vive en tu cintura
como olas sin espuma recorro el mar de tu cuerpo.

Y que importa si al final ocupas todo
y me entrego a tu simiente
y te entregas como siempre

De tu boca dame mas que se me agota
tu recuerdo el ultimo intento
de vivir en un solo cuerpo
De tu boca donde mira mi ternura
donde apago el sol de mi hoguera
y en la sombra un beso me quema

Y que importa que la noche vista a oscuras
si tu rostro en vez de Luna mi cuarto menguante alimenta
Y que importa que la brise se desnude
si tu amor sopla de golpe y me arrastra en una nube.

Y que importa si al final ocupas todo
y me entrego a tu simiente
y te entregas como siempre

De tu boca dame mas que se me agota
tu recuerdo el ultimo intento
de vivir en un solo cuerpo
De tu boca donde mira mi ternura
donde apago el sol de mi hoguera
y en la sombra un beso me quema

De tu boca dame mas que se me agota
tu recuerdo el ultimo intento
de vivir en un solo cuerpo
De tu boca donde mira mi ternura
donde apago el sol de mi hoguera
y en la sombra un beso me quema
dame mas que se me agota
Dame mas que se me agota


Juan Luis Guerra, 1990

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Crónica de umas férias deliciosas

Seis dias, foram apenas seis dias e sinto que valeram por semanas. A intensidade com que os vivi e o deslumbramento que senti só hoje me começam a deixar respirar neste difícil regresso à vida real...

Parti para Bruxelas sem quaisquer expectativas. Da cidade não me tinham falado muito bem. «É cinzenta e fria», disseram-me. «Tudo bem, também não vou pela cidade, mas pelo meu amigo que para lá partiu não há muito tempo e a quem disse na altura "até já!"», respondi-lhes.

Claro que tinha a oportunidade de visitar uma cidade e um país que não conhecia, mas não era isso que me movia. Movia-me a amizade e essa foi sem dúvida a grande vencedora destas férias. Não só cimentei a relação que já tinha, como ainda ergui os alicerces de uma outra que espero ver crescer muito mais.

Fomos dois homens e uma mulher numa relação de companheirismo e quase cumplicidade. Nos passeios que fizemos, nos jogos a que nervosamente assistimos (Paulito, hoje sabemos que afinal não somos nós os culpados pelos maus resultados do nosso Glorioso. Podemos por isso continuar a assistir a jogos juntos), nas bebidas e na comida deliciosa que provámos (Bruninho, em boa hora compraste o Wok. Ficas lindo de frigideira na mão), na música que ouvimos (Juan Luis Guerra e Ivete Sangalo ficarão para sempre associados a estes dias)... Por tudo isto e por muito mais, valeu a pena.

E fica uma saudade... uma vontade de repetir a dose. Em Bruxelas ou noutro sítio qualquer...


P.S. a cidade surpreendeu-me pela positiva. Para tal muito contribuiram as condições meteorológicas, pois esteve quase sempre sol. Cosmopolita e com uma disposição arquitectónica agradável, vale a pena visitar. Aconselho particularmente um jantar no restaurante marroquino Kasbah, uma cerveja no bar Delirius Tremens e um copo de vinho de avelã no bar Coupil Le Fol. Não esquecer os deliciosos gauffres e chocolates belgas (alguns dos responsáveis por ter engordado 2 kgs!!).

fotos em http://carla-3s.hi5.com/

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Barreiras

A vida é feita de barreiras. Umas são rapidamente esquecidas de tão fáceis que são de ultrapassar, outras dificilmente saem da nossa memória pelo muito que nos custaram derrubá-las.

São muitas as condicionantes com que nos deparamos no nosso quotidiano. Elas podem ser mais ou menos desafiantes, mas estão sempre lá para nos lembrarem que a vida é um jogo que merece ser jogado com toda a nossa entrega e paixão. Contra tudo e contra todos.

Vem esta reflexão a propósito de um filme que vi este fim-de-semana. Imagine Me and You é um hino à vida e ao amor, mas é também uma lição para todos aqueles que vivem as suas vidas com medo de as viver realmente. No fundo, trata-se de um alerta para todos aqueles que não vivem, antes deixam que a vida lhes passe ao lado, escondendo-se atrás de obrigações.

O filme mostra-nos que não há barreira que o amor não ultrapasse e que quando ele é genuíno nada o pode parar. Que por mais pessoas que possamos desiludir, é a nós próprios que frustramos quando não temos coragem para assumi-lo.

Imagine Me and You é a constatação de que as barreiras existem para serem ultrapassadas e para valorizarem a nossa vida, que é de facto fascinante. Por mais que doa, dá prazer vivê-la.



Há muito tempo que não me identificava tanto com uma estória e nesta pude rever um pouco da minha própria vida.


terça-feira, 27 de março de 2007

Paradoxo

É muito fácil relacionarmo-nos com alguém. No local de trabalho, na escola, no ginásio... em qualquer lado estabelecemos relações. Hoje somos estranhos que se conhecem, amanhã convivemos com um tal à-vontade que parece que sempre foi assim. Mas até que ponto nos conhecemos verdadeiramente uns aos outros? Até que ponto estamos interessados em fazê-lo? Por que razão é tão difícil ultrapassar a barreira da informação e alcançar os estádios do conhecimento e do saber em relação ao outro? E, o que é que nos impede de fazê-lo?

Perguntas que revelam uma espécie de paradoxo existente nas relações interpessoais e que me inquietam ao ponto de me fazerem saltar da cama para escrever. Quererei conhecer alguém e dar-me a conhecer? Será isso que me está a deixar tão inquieta ao ponto de não conseguir dormir?

...

Paro, escuto, espreito e volto a olhar (para mim e para os que me rodeiam) e chego à conclusão que é por medo que não aprofundamos as relações, que não vemos para além da superfície. Medo de nos expormos e de sermos gozados e ridicularizados; medo de que não gostem de nós, do nosso verdadeiro eu. Receamos perder uma relação que no fundo pouco ou nenhum sumo tem. Valerá a pena tanto cuidado? Não estaremos por vezes a perder mais por deixarmos o tempo avançar?

...

Mas quem é que eu quero conhecer e quem é que eu quero que me conheça? Já existe(m) essa(s) pessoa(s) na minha vida ou ainda está(ão) por aparecer? Será isso que verdadeiramente me inquieta, a ideia de não estar suficientemente atenta e receptiva quando e se isso acontecer?

sábado, 3 de março de 2007

Quand on n'a que l'amour

Quand on n'a que l'amour
A s'offrir en partage
Au jour du grand voyage
Qu'est notre grand amour

Quand on n'a que l'amour
Mon amour toi et moi
Pour qu'éclatent de joie
Chaque heure et chaque jour

Quand on n'a que l'amour
Pour vivre nos promesses
Sans nulle autre richesse
Que d'y croire toujours

Quand on n'a que l'amour
Pour meubler de merveilles
Et couvrir de soleil
La laideur des faubourgs

Quand on n'a que l'amour
Pour unique raison
Pour unique chanson
Et unique secours

Quand on n'a que l'amour
Pour habiller matin
Pauvres et malandrins
De manteaux de velours

Quand on n'a que l'amour
A offrir en prière
Pour les maux de la terre
En simple troubadour

Quand on n'a que l'amour
A offrir à ceux-là
Dont l'unique combat
Est de chercher le jour

Quand on n'a que l'amour
Pour tracer un chemin
Et forcer le destin
A chaque carrefour

Quand on n'a que l'amour
Pour parler aux canons
Et rien qu'une chanson
Pour convaincre un tambour

Alors sans avoir rien
Que la force d'aimer
Nous aurons dans nos mains,
Amis le monde entier


Jacques Brel, 1956

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Até breve...

Meu querido amigo,

paro e penso e não deixo de sentir um orgulho tolo mas sincero ao constatar aquilo que conseguimos erguer.
Num mundo em que é mais fácil perder o contacto do que cimentá-lo, em que as relações se baseiam mais na desconfiança do que na cumplicidade, em que amigos verdadeiros escasseiam, é obra que duas pessoas que tão pouco tempo trabalharam e conviveram juntas tenham conseguido construir uma amizade como a nossa.

Não nasceu há muito tempo é verdade, mas cresce com tal vigor que, aquilo que inicialmente foi uma agradável surpresa, é para mim hoje uma grande certeza.

Corro o risco de estar a ser lamechas? Talvez corra, mas o que há de melhor neste mundo do que dizer a um amigo o quanto gostamos dele e o quanto a sua existência na nossa vida nos motiva e faz feliz?

É por isso que agora, que estás de partida, não posso deixar se te dizer que gosto de ti e de te agradecer a tua amizade.

E como acredito que a distância nada consegue contra a força daquele que já antes afirmei ser o mais nobre dos sentimentos, podes estar certo de que não ouvirás da minha boca um "adeus", mas um vigoroso até breve!




Livre,

é como me sinto.

Vi-te no início de mais um ano, mas o sentimento é bem diferente daquele que sentia há doze meses atrás...

Já não é amor nem paixão o que sinto, mas uma quase indiferença que só não é triste por ser tão libertadora...