quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

"Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe"

Sou o que sou mas também o que já não sou

A vida não é mais do que um conjunto de acontecimentos e de experiências que continuamente nos põem à prova e nos fazem descobrir um pouco mais sobre nós.
Nunca como este ano que agora termina ouvi tanto questionarem-me sobre a minha maneira de ser. Observações como:"mas essa não é a Carla que eu conheço" ou, "onde é que está a mulher forte e determinada que eu conheci?" foram recorrentes e fizeram-me questionar que tipo de pessoa sou de facto.
Se há ilação a tirar de tudo o que vivi este ano, do bom e do menos bom, é a de que realmente não sou um projecto acabado. Na verdade ninguém é. Todos os dias vamos acrescentando um novo traço à nossa personalidade que é um esboço sempre por terminar. Poderíamos viver duzentos anos que todos os dias descobriríamos algo novo sobre nós.
Essa contínua descoberta do EU resulta de um processo lato de aprendizagem e de crescimento adquiridos através das experiências que vivemos. É um processo que nem sempre é fácil e muitas vezes é até bastante doloroso, mas que vale inevitavelmente a pena ser vivido.
Este ano tomei consciência de que não sou uma armadura de ferro e que tenho tanto de sentimental como de racional. Descobri que ser forte não significa necessariamente que nunca caia, mas sim que seja capaz de me levantar depois de cair.
Este ano percebi que sou apenas uma pessoa. Uma pessoa equilibrada tanto quanto a vida me permite ser. Percebi que do prazer à dor dista uma distância tão curta quanto de fugaz tem o tempo e que quanto mais depressa aceitarmos as regras do jogo que é a vida, mais felizes podemos ser. E se antes sabia o que não queria para mim, hoje sei com mais certeza aquilo que realmente quero e aquilo que é preciso para ser feliz.
O ano está a terminar e não me deixa saudades. Na verdade, acho que nunca quis tanto que o tempo passasse... Mas como um ciclo que termina, outro se inicia e se há algo que não mudou em mim foi a capaciade de acreditar e de sonhar. Se parar é morrer, morrer é deixar de sonhar e se há coisa que eu quero fazer é viver!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Respostas

Não gosto de ler Paulo Coelho. Na verdade só li um livro deste famoso escritor brasileiro, detentor de vários recordes de vendas e de tradução, mas foi o suficiente para não voltar a fazê-lo. Contudo, a entrevista que deu recentemente à revista ÚNICA foi uma das mais interessantes que li nos últimos tempos.

Dizia o autor a certa altura que «...o mal desta sociedade é querer ter resposta para tudo.» E questionava: «Porque não conviver com o mistério? Isso é importante porque o que dá à vida muito interesse é o respeito pelo mistério. Não é preciso explicar tudo e não tem explicação para tudo. Uma pergunta é uma opção aberta, uma resposta é fechar essa janela».

Por momentos senti-me visada. Senti que aquela crítica me era dirigida, pois se há pessoa que busca incessantemente uma resposta para o que acontece, essa pessoa sou eu. "Porquê?", "Qual a lógica disto?", "Por que razão aconteceu aquilo?"... São questões que recorrentemente me vêm à cabeça sem que muitas vezes encontre uma resposta que lhes sirva.

Esta contínua demanda pelo sentido das coisas, pelo desmistificar do mistério que é no fundo a vida faz parte da condição de ser-se humano. Desde sempre que o Homem procura respostas para o que O rodeia e para o que Lhe acontece e desde então que a sua ausência não Lhe traz mais do que frustração.

No meu caso a não obtenção de respostas causa-me um sentimento de insatisfação tão grande que roça mesmo a infelicidade. Deve ser por isso que mesmo pessoas que aparentemente têm tudo se sentem por vezes sem nada, vazias.

Quantos casos na História da Humanidade não existiram de pessoas geniais que, tendo o reconhecimento dos seus pares, tendo sucesso, amor... se auto-destruíram por lhes faltar algo, por lhes faltar a felicidade da obtenção de algumas respostas que têm tanto de inalcansável como de destruidor?

Não foi por ler esta entrevista que pensei neste duelo resposta vs felicidade. Há anos que penso nisto, que uma questão paira na minha mente: quem é mais feliz? O que, munido de conhecimento procura ainda mais conhecimento ou aquele a quem lhe foi vedada a possibilidade de conhecer, logo, de questionar?

O alerta do Paulo Coelho não é mais do que uma dica, do que um conselho. É preciso aceitar simplesmente que não há respostas para tudo e que muitas coisas acontecem e acontecerão sem nunca sabermos porquê. Quanto mais depressa interiorizarmos isto, mais depressa nos libertamos de sentimentos tão negativos como a frustração e a insatisfação. Mais depressa poderemos ser felizes...


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Paciência

Sonhei contigo na noite passada. Não importa o quê, mas sonhei. E como se não bastasse entrares nos meus sonhos quis o acaso do destino que também hoje ouvisse a tua voz... Foi muito ao de leve, mas ouvi-te.
O tempo passou, mas não o suficiente. Saber de ti mexeu comigo; trouxe de volta a saudade de um tempo que não volta mais e, mais do que isso, despertou uma raiva contida por saber que a tua felicidade é a razão da minha própria infelicidade...
Não é um sentimento bonito, eu sei. Não me orgulho de o sentir, mas acho que é inevitável e faz parte do processo de digestão de uma história com um final pouco feliz. Poderás condenar-me depois de tudo o que aconteceu? Acho que não.
Penso se alguma vez pensas em mim, se te preocupas, se também tens saudades minhas... e há uma voz que me diz que sim, mas outra há que me diz que não, que estás demasiado ocupado a viver a tua nova vida para te dares sequer ao trabalho. Se calhar é mais fácil acreditar nisto ou não... Não sei...
O tempo passou e mais terá de passar até que sinta que chegou a hora de voltar a encarar-te. Tenho de ser paciente, muito paciente.
Todos os dias digo a mim mesma que tenho de deixar que o tempo cumpra a sua missão e aguardo. E também todos os dias penso que a vitória é dos pacientes. Já antes o sabia, só não tinha consciência de que a minha vitória chegaria não no dia em que ficássemos juntos, mas sim no dia em que me conseguisse libertar de ti...