domingo, 1 de março de 2009

My way

A propósito da leitura do livro Maktub, de Paulo Coelho (sim, o mesmo cuja escrita referi aqui há tempos não apreciar e da qual continuo a não ser fã), que uma amiga me emprestou recentemente, li este pensamento que muito faz sentido para mim:
«Seguir um sonho tem um preço. Pode exigir que abandonemos os velhos hábitos, pode fazer-nos passar dificuldades, ter decepções, etc. Mas, por mais alto que seja esse preço, nunca é tão alto como o que é pago por quem não viveu a sua Lenda Pessoal. Porque esses, um dia, vão olhar para trás e vão ver tudo o que fizeram e ouvir o próprio coração dizer: "Desperdicei a minha vida."»
Não creio que alguém possa olhar para trás e dizer que de nada se arrepende do seu passado. Todos nós nos arrependemos e desejamos ter feito algo de forma diferente daquilo que fizemos. É normal que assim seja. Faz parte do percurso que é a vida, a nossa vida. Faz parte do tal processo de crescimento que tantas vezes nos pode causar dor, mas que inevitavelmente nos traz amadurecimento pessoal.
Dizia eu hoje a um amigo meu que às vezes dou por mim a pensar se o que vivi no último ano não teria sido o pior que me tinha acontecido, ao que ele contrapôs que não, que, ultrapassada a decepção em definitivo, iria guardar precisamente a ideia contrária e concluir que tinha sido bom, que me tinha amadurecido.
Acho sinceramente que ele tem razão. Se me perguntarem se me arrependo dessa luta, não terei a menor hesitação em responder que não. No fundo segui sempre aquilo que achava ser o meu desejo. Vivi à minha maneira, segundo o que achava ser o melhor para mim. "Antes arrepender-me do que fiz do que por não tê-lo feito". Esta foi, é e será sempre a máxima pela qual regerei a minha vida.
Seria bem pior estar agora a pensar no que é que teria perdido se não tivesse arriscado. Assim, posso ao menos pensar que fiz sempre o que estava ao meu alcance para que resultasse, sem o orgulho que tantas vezes nos impede de nos darmos aos outros, que nos impede de viver por não querermos abdicar, por não querermos dar-nos ao trabalho...
Se teria feito coisas diferentes? Sim, sem dúvida. Faz parte do processo de crescimento perceber que há coisas que não resultam e que, sendo diferentes, poderiam ter dimanado em algo muito mais frutuoso. Afinal é por isso que se diz que se aprende com os erros...
Errar é arrependermo-nos. Mas não há erro e verdadeiro arrependimento se simplesmente não se tiver vivido...
Um dia, quando for velhinha, quero poder olhar para trás e dizer: Vivi a minha vida e fi-lo à minha maneira...




And now, the end is near;
And so I face the final curtain.
My friend, I'll say it clear,
I'll state my case, of which I'm certain.
I've lived a life that's full.
I've traveled each and evry highway;
And more, much more than this,
I did it my way.
Regrets, Ive had a few;
But then again, too few to mention.
I did what I had to do
And saw it through without exemption.
I planned each charted course;
Each careful step along the byway,
But more, much more than this,
I did it my way.
Yes, there were times, Im sure you knew
When I bit off more than I could chew.
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall;
And did it my way.
I've loved, I've laughed and cried.
I've had my fill; my share of losing.
And now, as tears subside,
I find it all so amusing.
To think I did all that;
And may I say - not in a shy way,
No, oh no not me,
I did it my way.
For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught.
To say the things he truly feels;
And not the words of one who kneels.
The record shows I took the blows -
And did it my way!

My Way, Frank Sinatra, 1968

3 comentários:

Anónimo disse...

Estou de acordo, esses gajos que dizem que não se arrependem de nada do que fizeram e que voltariam a fazer tudo da mesma maneira são uns aldrabões.
Quanto à "My Way" escreve lá o obituário e fica descansada que no que depender de mim o teu desejo será cumprido :-)

flor disse...

Sinto-me em sintonia contigo...

BP disse...

Somos cada vez mais fortes miga. Sobretudo quando sabemos, como tu estás a saber, re-erguer-te de uma decepção.

Sempre a teu lado.

BDP