terça-feira, 19 de setembro de 2006

Felicidade para lá do sexo

No último número da revista Sábado saiu um artigo sobre um tema tão curioso quanto interessante: Assexualidade. Na verdade, o artigo dá-nos a conhecer pessoas (algumas casadas) que vivem felizes com a ausência de desejo ou consumação sexual. Alguns já o sentiram e deixaram de o sentir, outros simplesmente nunca conheceram o desejo sexual nem sabem o que é sentirem-se atraídos sexualmente por outros.

Segundo o mesmo artigo, e citando um estudo realizado por Anthony Bogaert, um estudioso canadiano sobre a sexualidade humana, um em cada cem adultos é assexual. Nos EUA, um estudo publicado no jornal Psychology Today diz-nos que 25% da população adulta estado-unidense sofre de falta de desejo.

Muitas vezes trata-se de pessoas saudáveis e sem traumas associados ao sexo ou ao corpo humano. A sua vida é tão ou mais feliz do que a dos outros. Simplesmente o sexo não é uma necessidade que desejam concretizar.

Numa sociedade tão sexual como a nossa, em que diariamente somos bombardeados com imagens sugestivas, seja em anúncios publicitários (lembro-me de alguns bem recentes a uma conhecida marca de cerveja nacional) ou em telenovelas (a SIC acaba de estrear uma nova produção ficcional cujo principal trunfo parece ser a presença de cenas de sexo, tantas vezes publicitada nas semanas que antecederam a sua estreia), não desejar alguém parece, no mínimo, uma aberração, dirão uns. Parece, mas não é, digo eu.

O que torna este mundo tão complexo e fascinante é precisamente a diversidade que nele podemos encontrar. É na diferença relativamente aos outros que encontramos a comunhão da partilha. De que serve conversar com alguém cujas mundivivências e mundividências são apenas mais do mesmo que eu tenho para partilhar?

Na minha opinião, é na diferença que podemos encontrar a união. Se quisermos pensar numa perspectiva sistémica, cada um de nós é uma parte de um todo que não é mais do que o mundo em que vivemos. Só que esse todo não é simplesmente a soma das partes, mas sim aquilo que a sua diversidade acrescenta e enriquece, imprimindo-lhe um movimento sempre perpétuo.

1 comentário:

Nox disse...

Sim, é a diferença que permite a mutação do nosso próprio universo interno, porque as novidades sempre constantes de tudo o que nos rodeia permite uma renovação de opiniões e atitudes face ao que diverge da nossa própria experiência e percepção do exterior.
Um beijinho