quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Acreditar

Só hoje terminei de ler o último número da revista Visão e uma das reportagens desta semana versava sobre a sede operacional da Netjets Europe, que está sediada em Paço de Arcos. Para quem não sabe, trata-se de uma empresa que gere e opera uma frota de jactos executivos, prestando um serviço tipo táxi aéreo.

Na verdade, não é sobre a empresa que quero falar, mas sobre algo que o seu presidente em Portugal referiu ao ser questionado se tem sido difícil recrutar trabalhadores no nosso país. William Kelly, nascido na Irlanda, a menina dos olhos da UE em termos de crescimento económico e aposta na formação, respondeu assim: "Tem sido fácil encontrá-los e ainda nos podemos orgulhar de, no nosso call center, se falarem 25 línguas diferentes. É fenomenal. Dizem que o ensino funciona mal em Portugal, mas, aqui, vejo o contrário. Estou impressionado com as qualificações dos nossos trabalhadores."

No outro dia alguém comentava, não me lembro quem nem em que publicação, qualquer coisa como não há nada que os portugueses mais gostem do que serem elogiados pelos outros povos. É como se precisássemos de o ouvir dos outros para acreditarmos. Será a nossa auto-estima assim tão baixa que não saibamos o nosso potencial? Sofreremos de alguma espécie de cegueira parcial que só nos deixa ver os nossos e, consequentemente, os aspectos negativos do nosso país?

É óbvio que há imensas coisas a trabalhar para podermos ser melhores. As coisas não estão fáceis e as secções de Economia estão aí para o constatar, mas também há aspectos positivos que têm que ser lembrados e enaltecidos. É preciso que todos tenham a consciência das suas capacidades e de como poderão potenciá-las. Acima de tudo é preciso acreditar. Acreditar que é possível fazer bem e até melhor do que os outros.

Nunca ouvi dizer que negativismo ou comiseração trouxessem qualquer proveito, pelo contrário. Há que ser optimista, pois optimismo atrai boa sorte e esta consegue-se, sobretudo, acreditando que com eficiência e trabalho é possível atingi-la. Não podemos é estar à espera que sejam os outros a abrir-nos os olhos.

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